domingo, 16 de novembro de 2014

A BATALHA DE HATTIN


To read a paper in English, please click on the link below:
The Horns of Hattin

A Batalha de Hattin (também conhecida como "Os chifres de Hattin" por causa de um vulcão extinto, com o mesmo nome, situado nas próximidades) ocorreu em 4 de julho de 1187 entre o Reinado Cruzado de Jerusalem e as forças da dinastia de Ayyubid.
Os exércitos mulçumanos sob Saladin capturaram ou mataram a vasta maioria das forças Cruzadas, removendo a capacidade deles de suatentar a guerra.
Em decorrencia direta da batalha, as forças Islamicas uma vez mais se tornaram a pode militar eminente na Terra Santa, reconquistando Jerusalem e diversas outras cidades sob o controle dos Cruzados.
Essa derrota dos Cristãos ativou a Terceira Cruzada, que começou dois anos depois da batalha de Hattin.

Esse é um trabalho de pesquisa que esta em desenvolvimento e que receberá revisões ao longo das próximas semanas. Abaixo seguem antecipdamente algumas ilustrações.































Colaborações serão muito bem vindas e poderão ser enviadas diretamente para o meu email.



Fraterno e cordial abraço.

Kleber Siqueira

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

O SEGREDO DO MAÇOM

Perco minha vida, mas não revelo os segredos !
Hiram Abiff, aos seus algozes


Existe um grande segredo na Maçonaria !

É com esse segredo que o Maçom vive e o carrega em seu peito a partir da sua Iniciação. É nele que estão as raízes que alimentam a Sublime Instituição com que o Obreiro, ao chegar na plenitude Maçônica, está imbuído da coragem para vivenciar e lutar pelos conceitos que aprendeu na sua caminhada ascendente.

O reino da Maçonaria é como um tesouro incrustado na Humanidade. O Homem, após iniciado, o encontra e o mantém escondido, e, cheio de alegria, compreende que passou a fazer parte dele. A Maçonaria é, ainda, como a rede lançada ao mar que apanha peixes de todo tipo. Quando está cheia, os pescadores puxam a rede para a praia, sentam-se e recolhem os peixes bons em cestos e jogam fora os que não prestam. Assim acontece com a Maçonaria, que busca aqueles homens livres e de bons costumes, rejeitando os maus dos que são justos e de boa índole. Em suas reuniões não são permitidas discussões políticas e religiosas, preferindo uma ampla base de entendimento entre os Homens a fim de evitar que sejam divididos por pequenas questões da vida civil e cotidiana.

Às vezes aparecem joios no trigo....

Toda Iniciação, qualquer que seja a entidade, carrega em si mesma elementos de cultura social onde a mística se alia à tradição para orientar o seu círculo de acuidade, no qual o iniciado possa vivenciar a experiência espiritual a que vai se integrar. Essa experiência transcende a condição de profano (como é designado o não iniciado) e irá alcançar melhor compreensão dos segredos que ser-lhe-ão revelados. Na Maçonaria, espera-se do iniciado, dentre outras coisas, que seja iluminado e generoso e não buscar o seu caminho no simples aprendizado que irá receber mas, sim, em compartilhar e irradiar seus conhecimentos, colaborando em projetos filantrópicos e melhoria da sociedade.

Desde os tempos imemoriais existem sociedades secretas. Elas estão presentes em todas as culturas, de todas as épocas, junto a todos os povos. Pode-se afirmar que é bastante provável que respondem a uma necessidade inerente à própria natureza do Homem que sempre buscou a sua conveniência com objetivos de encontrar aliados para reforçar ligações e relacionamentos que lhes permitam alcançar suas metas.

Em termos culturais, é própria das sociedades corporativas a manutenção de um ambiente de segredos em relação aos seus elementos de interesse profissional. Inclusive, na própria vivência familiar. É prática, pois construir muros corporativos, normalmente protegidos por uma linguagem própria só perceptível aos próprios iniciados ou componentes das corporações e até em famílias. Toda organização tem seus segredos, seus assuntos reservados e suas coisas confidenciais, que só interessam aos seus membros e seus associados. Uma empresa industrial tem segredos para proteger suas patentes dos seus concorrentes. A Igreja Católica tem seus segredos, que os bispos juram respeitar no dia de sua sagração e, também, elege o Papa em segredo.

O Colégio Apostólico, que era presidido pelo próprio Jesus Cristo, teve momentos reservados só para os discípulos e em outras oportunidades Jesus recomendou-lhes, textualmente, que não contassem a ninguém aquele “Grande Segredo” e as coisas vistas por eles. (Veja na Bíblia Mateus 12:15 e 16; Mateus 16:20; Mateus 17:9) Existem outros mais segredos citados na Bíblia. Exemplos: Daniel 2: de 16 a 30, Marcos-4: 9-10 e 11.

O “Segredo Maçônico”, que o adepto da Ordem deve preservar e guardar, é complexo, difícil de ser definido e localizado. Debaixo dessa expressão colocam-se coisas bem conhecidas dos que delas quiserem informar-se, tais como ritos, senhas, juramentos diversos e variáveis.

O segredo da Maçonaria não se refere tão somente à confidências como muitos imaginam; ele vai muito além disso e é mais profundo do que se pode imaginar e possui raízes históricas muito importantes, que invocam a tradição multimilenar. Surgiu com a Construção do Templo de Salomão. É fundamental o segredo pois faz parte de juramento prestado quando da Iniciação. Entretanto, o verdadeiro segredo Maçônico, de fato, evidencia-se da relação íntima que todo Maçom tece no decorrer dos anos consigo mesmo, com os membros de sua Loja e com os próprios valores da Sublime Ordem. A tradição Maçônica abunda em exemplos dos fortes laços que unem os Maçons uns aos outros.

Na verdade, os Maçons têm meios que lhes são próprios de mútuo reconhecimento e realizam cerimônias privadas, que por óbvias razões não são acessíveis aos não Maçons. O sigilo acerca de quanto se aprende e ocorre nos Templos e Lojas Maçônicas ou entre os Irmãos, é o primeiro dever do Maçom, conforme o neófito ouve do Orador, no dia da sua Iniciação. E, por solene compromisso, ratificado no final de todas as sessões, os Obreiros prometem observar essa rigorosa e irrevogável regra e o conceito de honra pessoal os obriga continuarem a segui-la, mesmo quando saem da Ordem.

Na Maçonaria Operativa os segredos consistiam em processos, métodos e usos profissionais que deviam continuar ignorados pelos não iniciados, sob pena de privar os operários culpados de indiscrição do benefício de um longo aprendizado. O posicionamento, com essas proibições, era rigorosamente observado, e os profanos expulsos das obras em construção, quando postas em prática.

No século XVIII surge a Maçonaria Especulativa em substituição a Operativa, e, ela conserva, desde suas origens, as mesmas proibições com relação aos profanos.

Com base nesses conceitos, tanto da Operativa como da Especulativa, há os que definem o segredo Maçônico como indefinível, porque nenhum Maçom, seja de qual obediência ou potência, consegue dar uma definição única e simples desse segredo. Por ser iniciático, o segredo é um processo intuitivo, impossível de encerrar dentro de uma formulação qualquer.

Apesar do segredo Maçônico ser coletivo, seguindo a lei absoluta de todos os segredos compartilhados, é tratado individual e misticamente, de maneira que nunca pode ser violado ou traído. O Maçom genuíno o usa, construtivamente, com sinceridade e fervor, com denodo e pujança, com firmeza e absoluta lealdade, em busca dos objetivos ministrados pela Arte Real. A Maçonaria só se revela a seus verdadeiros adeptos. É de natureza única. Todavia, quem passa pela Instituição como se fosse um agrupamento qualquer, um clube social, uma agremiação de simples amigos, não pode conhecê-la somente permanecendo nela. ( O joio !....)

Os não iniciados (profanos) nos veem, com relação ao segredo Maçônico, de forma equivocada: acham que a Maçonaria, zelosamente, esconde seus segredos, e, isso os leva a interpretações presunçosas ao erro. Aos olhos dos insensatos, a Ordem convive com teorias conspiratórias que têm sido descritas desde o final dos anos 1700, e, que são classificadas em três categorias distintas: Políticas, normalmente envolvendo alegações de controle de governos. Religiosas, em geral abrangendo acusações de anticristianismo ou crenças e práticas satânicas. Culturais, mescladas ao entretenimento popular, onde entrelaçam vários símbolos e numerologia na cultura moderna, tais como em logotipos corporativos. Muitos escritores de teorias conspiratórias têm ligado os Maçons (e os Cavaleiros Templários) com a adoração ao diabo, cujas ideias foram baseadas em interpretações errôneas das doutrinas das referidas organizações. A Maçonaria é rodeada de muitas lendas, mitos e enormes invencionices.

Se a realidade da Maçonaria é o segredo do Maçom, isso não significa que tenha de ficar escondido aos olhos do mundo. Ao contrário, uma das primeiras coisas que lhe é ensinado é que a Maçonaria é uma Instituição que tem por objetivo tornar feliz a Humanidade, através do amor, aperfeiçoamento dos costumes, pela tolerância, pela igualdade dos povos, pelo respeito às autoridades e à crença de cada um. Fica ciente de que está integrado a um grupo para combater a tirania, a ignorância, os preconceitos e os erros. Ainda, glorificar o Direito, a Justiça e a Verdade. Saberá que tem de estar pronto para promover o bem-estar da Pátria e dos Homens, levantando templos à virtude e cavando masmorras ao vício. Para tanto, a Sublime Ordem é Universal e suas Oficinas se espalham por todos os recantos da Terra, sem preocupação, de fronteiras, de políticas, de religiões e de raças. Para a Maçonaria não interessa se o adepto tem religião ou, mesmo, se tem ou não uma. O que, realmente, importa, para a Sublime Ordem é a conduta perante o seu semelhante, à família, ao seu trabalho, à sua comunidade perante o mundo.

As características de um genuíno Maçom são Virtude, Honra e Bondade que, embora banidas de outras sociedades, estão sempre presentes no seu coração, calcadas na sua coragem sem abandonar a discrição. Não é sem razão e significado que, o brasão da Grande Loja do Estado de São Paulo, e de outras Potências e Obediências regulares, ostentam a citação latina AUDI, VIDE, TACE (Ouça, Veja, Cale), extraída do brocado latino Audi, vide, tace, si vis vivere in pace (Ouça, veja e cale, se queres viver em paz). Tal citação está transcrita na magnífica flâmula da Grande Loja Unida da Inglaterra, estabelecida a partir de 1813.

Assim é entendido o segredo entre os Maçons ! Que o Maçom é distinto ! No meio da multidão é diferenciado ! Não é igual aos demais ! É o segredo que ele não apregoa. Guarda para si. Não canta suas proezas de forma espalhafatosa nem de trombeta em praça pública. Está imbuído, nele, a máxima “Que a mão esquerda não saiba o que a direita faz !” A descoberta do verdadeiro segredo Maçônico, na realidade, acontece no silêncio do coração de cada Maçom, conciliado com sua própria evolução mental e espiritual, e, com desdobramentos que influenciam sua vida e as vidas das pessoas que o cercam e que vem a ser o grande mistério da Maçonaria.

Eis o grande segredo do Maçom !


Bibliografia:

Bayard, Jean-Pierre – A Franco-Maçonaria Figueiredo, E. – Segredos Maçônicos (Trabalho) Moreira, Apolinário – Chave dos Mestres Tourret, Fernand – Chaves da Franco-Maçonaria Vannoni, Gianni – As Sociedades Secretas Vasconcellos, Jayro Boy – A Fantástica História da Maçonaria Bíblia Sagrada Rituais da Grande Loja Maçônica do Estado de São Paulo - GLESP


(*) E. Figueiredo – é jornalista – Mtb 34 947 e pertence ao CERAT – Clube Epistolar Real Arco do Templo Integra o GEIA – Grupo de Estudos Iniciáticos Athenas/ Membro do GEMVI – Grupo de Estudos Maçônicos Verdadeiros Irmãos/ Obreiro da ARLS Verdadeiros Irmãos – 669 – (GLESP)



“Oh ! Quam bonum est et quam jucundum, habitare fratres in unum !”

Não há limite para a cultura Maçônica !

O CONHECIMENTO MAÇÔNICO SÓ TEM VALOR QUANDO COMPARTILHADO ENTRE OS IRMÃOS !


quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Tolerância Maçônica

INTRODUÇÃO:

Primeiramente gostaria de externar a minha gratidão aos irmãos e ao G.A.D.U., por esta importante oportunidade de aqui poder mostrar o meu trabalho o qual retrata, de maneira sucinta, um pouco das minhas convicções e valores pelos quais eu prezo.

Considero também, que nesta oportunidade, apresento os meus progressos como maçom.

Desta forma, aqui diante dos irmãos, sinto-me, figurativamente falando, diante de um “espelho”. Momento no qual paro para observar a minha imagem e, assim, arrumar as minhas imperfeições.

Certamente não tenho a pretensão de ser perfeito, mas pretendo sempre, como maçom, buscar a perfeição...

A importância da participação dos irmãos nesta apresentação é tal que, com os diferentes pontos de vista e consequentes opiniões, sempre aceitas neste ambiente porque somos tolerantes, faz com que tenhamos visões por diferentes ângulos tornando este “espelho” um maravilhoso e colorido caleidoscópio, rico em informações e completo.

Completo por quê?

Porque a verdade somente existe quando se observa um determinado aspecto por todos os ângulos possíveis. E a TOLERÂNCIA é a virtude que nos permite considerar estes diversos pontos de vista.

Apesar de ser pouco observador, quando morei no exterior e tive oportunidade de conhecer diferentes povos, primeiramente fiquei surpreendido com as semelhanças entre as pessoas.

Contudo, com o passar do tempo, algumas diferenças entre nós, brasileiros, e outros amigos de diferentes nacionalidades passaram a chamar a minha atenção, em especial a forma como tratamos a questão da TOLERÂNCIA.

De uma forma genérica, acredito que nós brasileiros não sabemos lidar com esta virtude e, de fato, desconhecemos os limites tênues que separam a TOLERÂNCIA do preconceito e, por outro lado, da complacência, conivência ou condescendência.

“TOLERÂNCIA” VERSUS “TOLERÂNCIA MAÇÔNICA”

Pesquisando sobre TOLERÂNCIA no mundo profano, vemos que por vezes esta virtude é incompletamente definida. Ao que tudo indica, é uma virtude suscetível a muitas incompreensões ou simplificações.

A definição de TOLERÂNCIA, no Dicionário Aurélio é:

“Tendência a admitir modos de pensar, de agir e de sentir que diferem dos de um indivíduo ou de grupos determinados, políticos ou religiosos.”

No Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa de José Pedro Machado, encontra-se a seguinte definição: "Do latim tolerantia, constância a suportar, resistência; paciência. E, de uma pessoa tolerante, diz-se que é alguém que suporta e que resiste. O verbo tolerar vem do latim tolerare, que significa levar, suportar um peso, um fardo, aguentar, sofrer, persistir, suster, manter e resistir.”

Algumas confusões de interpretação fazem com que a TOLERÂNCIA seja até considerada não mais uma virtude, mas sim uma característica pouco desejável.

Exemplos:

"A tolerância é a virtude do fraco." (Marquês de Sade 1740 – 1814, aristocrata francês e escritor libertino)

“A tolerância é a filha da dúvida.” (Erich Remarque 1898 – 1970, escritor alemão)

“Nada é mais lógico do que a perseguição. A tolerância religiosa é uma espécie de falta de fé.” (Ambrose Bierce 1842 – 1913, crítico satírico, escritor e jornalista estadunidense, particularmente conhecido pela sua obra O Dicionário do Diabo)

“Por que tolerar? Parece-me ainda pior do que perseguir. No perseguir há um reconhecimento do valor." (Agostinho da Silva 1906 – 1994, filósofo, poeta e ensaísta português. O seu pensamento combina elementos de panteísmo, milenarismo e ética da renúncia, afirmando a Liberdade como a mais importante qualidade do ser humano. Agostinho da Silva pode ser considerado um filósofo prático e empenhado através da sua vida e obra, na mudança da sociedade)

"Tolerância? Existem casas para isso..." (Paul Claudel - 1868-1955, diplomata, dramaturgo e poeta francês, membro da Academia Francesa de Letras e galardoado com a grã-cruz da legião de honra. É considerado importante como escritor católico)

“A tolerância é o que faz pessoas como EU conviverem com pessoas como VOCÊ.” (Ferris Bueller – série de TV 1990 - 1991)

“Tolerância zero” (expressão originada no filme de 2001 The Believer, escrito por Henry Bean e Mark Jacobson) Desta forma, o conceito de TOLERÂNCIA no mundo profano ou está completamente equivocado, o quer dizer que tolerar não é amar, nem tão pouco apreciar. Tolera-se aquilo de que não se gosta, mas que se é obrigado a aceitar e, na melhor das hipóteses, a compreender, para evitar o conflito e a violência. Assim, estamos perante uma atitude necessária e importante, mas muito insuficiente.

Por outro lado, a TOLERÂNCIA MAÇÔNICA é uma virtude importante e complexa.

A Maçonaria proclama em seus Princípios Gerais (Constituição do Grande Oriente do Brasil, parágrafo único, item III):

“que os homens são livres e iguais em direitos e que a TOLERÂNCIA constitui o principio cardeal nas relações humanas, para que sejam respeitadas as convicções e a dignidade de cada um”.

Assim, a nossa Sublime Ordem é eminentemente tolerante e exige de seus membros a mais ampla tolerância.

No mundo atual, praticar a TOLERÂNCIA a cada dia exige muito de nós, pois a conturbação social e a pressão psicológica exercida sobre o homem, torna-o mais do que nunca exigente, imprudente, agressivo, preconceituoso e até inconseqüente. É nesse contexto, que tolerar assume importância fundamental entre os homens.

Se o profano sente-se desobrigado de praticar a TOLERÂNCIA, para o Maçom o mesmo não acontece, pois tolerar é um dever e este principio está intrinsecamente ligado a um dos fins supremos da Sublime Ordem: A FRATERNIDADE.

O Salmo 133 da Bíblia Sagrada é elogio da concórdia e união fraterna, quando diz:

“Ó quão bom e quão suave é viverem os Irmãos em união”.

A cada dia, nós Maçons temos por obrigação exercitar a pratica da tolerância, o que facilita sobremaneira todo o relacionamento entre os Irmãos, ampliando o espírito fraterno que existe no seio de nossa entidade milenar.

LIMITES DA TOLERÂNCIA MAÇÔNICA

Segundo Aristóteles, na sua obra “Ética a Nicômaco”, as virtudes são limitadas pela sua falta ou pelo seu excesso. Assim, constituindo-se “Vícios por deficiência” ou “Vícios por Excesso”.

No caso da falta da virtude TOLERÂNCIA, incorrer-se-ia no vício por deficiência, classificado como PRECONCEITO.

No lado oposto da escala, em caso de vício por excesso da virtude TOLERÂNCIA, ter-se-ia algumas classificações como COMPLACÊNCIA, CONIVÊNCIA ou CONDESCENDÊNCIA.

A virtude é, portanto, a moderação que existe entre dois extremos excludentes.

Como já exposto, os limites desta virtude não são facilmente definidos, principalmente na vida profana, contudo, tornam-se cada vez mais claros na vida maçônica, na medida em que nossos “valores” são assumidos e cultuados.

Poucos foram os degraus por mim galgados da Escada de Jacó, mas tenho notado nitidamente que estas tênues margens limítrofes da TOLERÂNCIA vão se evidenciando com o avançar dos progressos no lapidar da “Pedra Bruta”.



TOLERÂNCIA: DIFERENÇAS E DESIGUALDADES

Como registra o filósofo espanhol, José Ortega Y Gasset (1883 – 1955), em relação ao sentido humano:

"Vivir es tener que ser unico".

Tal infinita diversidade, no entanto, não pressupõe uma necessária relação de ordem, ou uma hierarquia entre equivalências, como a muitos, muitas vezes, parece natural.

De fato, cada ser humano pode ser caracterizado por um amplo espectro de habilidades, de interesses, de competências, freqüentemente associados à idéia de uma inteligência individual, diretamente associada à capacidade de ter vontades, de estabelecer metas, de criar, de sonhar, de ter projetos.

Distintos indivíduos constituem-se como diferentes espectros, a serviço de diferentes projetos de vida e, em múltiplos sentidos, tais espectros são incomparáveis: É impossível estruturá-los em uma relação de ordem, distinguindo o melhor, o pior, ou estabelecendo uma hierarquia de valores.

Em termos coletivos, portanto, a diversidade é a regra, e a norma é saber-se lidar com as diferenças, tanto individuais quanto entre grupos.

O reconhecimento do outro, ou o reconhecer-me diferente do outro, não me condiciona, portanto, em qualquer sentido, a uma comparação entre mim e ele, da qual resultaria uma desigualdade, um "maior" e um "menor".

Portanto, é da aceitação desta diversidade intrínseca do ser humano, que se resulta o verdadeiro progresso maçônico, uma vez que são consideradas todas as perspectivas, ou seja, a visão pelos mais diversos ângulos.

CONCLUSÃO

É muito fácil ser tolerante com o que não me diz respeito, com aquilo por que não me interesso, ou em relação àquilo que não me sinto minimamente responsável. Basta fechar os olhos, não emitir opinião, não escutar ou tapar o nariz e seguir em frente...

Contudo, ser tolerante implica em ter responsabilidade, saber escutar e, principalmente, respeitar os outros pontos de vista. A TOLERÂNCIA entre IIr:. não é limitada apenas pelo relacionamento com o próximo, mas por um sentimento maior que leva o homem ao bem e ao progresso.

É uma virtude que deve ser exercitada para que se atinja a sua plenitude. É a lapidação da Pedra Bruta para se chegar à Pedra Polida. Como mostrado, a TOLERÂNCIA MAÇÔNICA depende de valores, com isso ela pode ser aprimorada e ensinada. Portanto, é um dever para nós Maçons, o aprimoramento e a disseminação da virtude TOLERÂNCIA no nosso meio e na sociedade.


Nilson Perini
ARLS 20 de Agosto, nº 2408, GOB/GOSP, São José dos Campos, SP


BLIBIOGRAFIA
Livro "Aconteceu na Maçonaria" de Alci Bruno, Editora A Gazeta Maçônica - 1ª edição - outubro/1996
Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa. Cinco Volumes. Lisboa: Livros Horizonte, Machado, J.P. /1977
Livro Nicomachean Ethics (Tradução, introdução e notas de Terence Irwin). Indianapolis: Hackett, Aristóteles / 1985.
Trabalho do Irmão Paulo César Monteiro de Castro M:.M:. apresentado na A:.R:.L:.S:. 20 de Agosto, título: “Virtudes e Vícios” Constituição do Grande Oriente do Brasil, edição 2007

SITES INTERNET:
http://www.obreirosdeiraja.com.br/tolerancia
http://www.tiradentes.org.br/html/maconaria.html
http://www.maconaria.net

domingo, 3 de agosto de 2014

PEQUENAS ATITUDES, GRANDES TRANSFORMAÇÕES


Não tenha medo de crescer lentamente. Tenha medo apenas de ficar parado”. Provérbio Chinês

I – Grandes Obras de Humanidade

A Grande Pirâmide de Quéops (ou Khufu, para os Egípcios), a maior das Pirâmides de Gizé, originalmente com 146,6 metros de altura, foi construída por volta de 2.550 a.C., durante um período de grande prosperidade do antigo Egito. Embora existam inúmeras versões sobre a sua construção, estima-se hoje que tenha sido necessário o trabalho de algo entre 30.000 e 100.000 homens, ao longo de um período entre 20 e 50 anos, com a utilização de mais de dois milhões de blocos de pedra, cada um deles pesando em média duas toneladas e meia.

Como resultado concreto do esforço de cada um dos milhares de trabalhadores que participaram de sua construção, durante aproximadamente quatro milênios a Grande Pirâmide foi considerada a mais alta construção erigida pelo homem, tendo sido superada com a construção da Torre da Catedral de Lincoln, na Inglaterra, com 159 metros de altura, em 1311. Porém, a Torre da Catedral foi destruída em 1549 e a Grande Pirâmide só voltou a ser superada em 1889, com a inauguração da Torre Eiffel.

O grande artista renascentista Michelangelo levou 3 anos, de 1501 a 1504, para concluir a escultura “David”, medindo 5 metros e 17 centímetros de altura e esculpida em um bloco único de mármore já golpeado por outros escultores. Desde então, é considerada uma das obras primas do culturalmente fértil período do Renascimento. Na sequência, a partir de 1508, a pedido do Papa Júlio II, Michelangelo demorou 4 anos para concluir a ornamentação dos 1.100 metros quadrados que compõem o teto da Capela Sistina, no Vaticano.

Tanto a Grande Pirâmide do Egito, construída por milhares de homens, quanto a escultura David e a decoração da abóbada da Capela Sistina, estas realizadas praticamente por um único homem, tornaram-se obras primas aclamadas ao redor do mundo e ao longo dos séculos. Foram idealizadas por grandes sonhadores, mas sua concretização foi resultado do esforço árduo, incessante e contínuo de pessoas, durante longos anos.

No mais das vezes, valoriza-se o resultado: a grandiosidade e a perfeição do David, a imensidão da Grande Pirâmide, a beleza sem precedentes do teto da Capela Sistina. Poucas vezes, entretanto, valoriza-se o processo, a união de esforços, a sequência de pequenos atos individuais, dia após dia, que, somados, levaram ao resultado esplêndido.

Entretanto, de que adiantariam as grandes ideias, os grandes sonhos, as melhores intenções, se não fossem elas colocadas em prática ao custo de muito esforço e milhares de pequenas atitudes?

II – Grandes Pensadores

Usando o argumento de autoridade, não podemos deixar de considerar que diversos pensadores afirmaram de forma categórica o valor das pequenas atitudes na construção do sucesso, seja ele físico ou moral.

Aristóteles bem definiu que “somos o que fazemos repetidamente. A excelência, portanto, não é um feito, mas um hábito”. A ética Aristotélica ocupa-se não com aquilo que no homem é essencial e imutável, mas daquilo que pode ser obtido por ações repetidas, disposições adquiridas ou de hábitos que constituem as virtudes e os vícios. Seu objetivo último é garantir ou possibilitar a conquista da felicidade. A virtude, deste modo, não está nos grandes feitos, mas nos pequenos atos que, repetidos com disciplina e persistência, levam a eles.

Na mesma linha, o físico, matemático e filósofo francês Blaise Pascal, um dos criadores da análise combinatória e da teoria das probabilidades, afirmou que “a virtude de uma pessoa mede-se não por ações excepcionais, mas pelos hábitos quotidianos”.

Thomas Edison, conhecido pela invenção da lâmpada incandescente, mas que registrou nada mais nada menos que cerca de 1.000 patentes durante a sua vida, atestou com propriedade que “um gênio é uma pessoa de talento que faz toda a lição de casa”.

Ou seja, ao invés de ajustarmos nosso foco almejando grandes transformações repentinas em nossas vidas, é mais eficiente buscarmos pequenas transformações que, se contínuas e consistentes, nos trarão o sucesso, a elevação espiritual, a prosperidade, a luz.

Difícil contestar a autoridade de tão sábios pensadores.

III – Pequenas atitudes, grandes transformações

Mas, segundo essa linha de raciocínio, qual seria o segredo do nosso aperfeiçoamento pessoal?

O segredo de nosso aperfeiçoamento pessoal está, portanto, no rompimento dos ciclos viciosos e na manutenção dos ciclos virtuosos. Costumamos imaginar o sucesso e o aperfeiçoamento pessoal como algo grandioso, esperando uma grande e repentina mudança em nossas vidas. Na verdade, o sucesso e o aperfeiçoamento pessoal são consequências de pequenas melhorias diárias em nossas vidas. Pequenas, mas contínuas e consistentes.

E, sob a mesma perspectiva, qual seria a nossa missão como maçons?

Nossa missão como maçons está diretamente relacionada à implementação de pequenas melhorias diárias em nossas vidas, contínuas e consistentes, para que nossas pedras brutas possam ser polidas, contribuindo para a edificação de nossos templos interiores.

A pedra é o objeto do trabalho inicial de qualquer construção. Cada pedra é única e liberta-se da sua forma rudimentar por meio de um árduo trabalho de aperfeiçoamento, polindo as suas faces, alisando as arestas, para que a edificação possa ser construída.

O desbaste da pedra bruta retira uma lasca por vez, mas seu resultado é irreversível. A cada estocada do malho sobre o cinzel, a pedra se transforma e nunca mais voltará a ser a mesma. O polimento, assim, depende de inúmeras e precisas estocadas, contínuas, repetidas. Uma só estocada, por mais forte ou mais precisa que seja, não será suficiente para transformar a pedra bruta em pedra polida.

Portanto, de acordo com a máxima Aristotélica, é o hábito que torna o homem sábio. E é também o hábito que nos torna bons maçons. Nossa sabedoria só poderá ser comparada a uma das grandes obras da humanidade se for consequência de nosso trabalho árduo, incessante e rotineiro em busca do saber, assim como a Grande Pirâmide só se tornou possível em consequência do trabalho árduo, incessante e rotineiro de dezenas de milhares de trabalhadores. Assim como a obra David só se tornou possível em consequência do trabalho árduo, incessante e rotineiro do grande artista Michelangelo.

Trazendo a reflexão ao nosso dia a dia, entendo que nossa missão maçônica não está necessariamente relacionada à busca por grandes feitos isolados. Está, sim, relacionada à busca por pequenas melhorias em nossas vidas que, se implementadas diariamente, nos transformarão em grandes homens, em exemplos a serem seguidos por nossos filhos, por nossos irmãos, por aqueles que pertencem aos nossos restritos círculos de relacionamento.

Tornarmo-nos exemplos. Talvez aí esteja a grande medida do sucesso, da prosperidade e, por que não, da felicidade.

Nossos filhos, ao nos verem praticando uma pequena boa ação, entenderão o significado de amor ao próximo e da caridade. Ao nos verem parando o carro no sinal vermelho, entenderão o que significa respeitar regras estabelecidas para o bem comum. Ao nos verem devolvendo um troco recebido a mais, certamente saberão o que é, na prática, honestidade.

Nosso trabalho, como maçons, de polimento de nossa pedra bruta, passa necessariamente pela construção dos exemplos diários, em pequenos atos, que somados nos levarão à edificação de nosso templo interior e ao encontro de nossa própria essência.

IV – Conclusão

Assim como os grandes monumentos da humanidade foram construídos pela soma do trabalho individual árduo, diário e contínuo de centenas, por vezes milhares de homens, nossa função como Maçons deve ser executada de forma árdua, diária e contínua. Só assim os grandes resultados serão atingidos. Só assim as grandes transformações acontecerão.

Em nossa longa trajetória rumo à edificação de nossos templos interiores, busquemos romper os ciclos viciosos e manter os virtuosos. Busquemos transformar a excelência em hábito. Busquemos fazer nossa lição de casa. Assim, naturalmente, virá o sucesso, a felicidade e a desejada luz.

E não nos esqueçamos: as grandes transformações dependem das pequenas atitudes.

Bruno Silveira
ARLS 20 de Agosto, nº 2408, GOB/GOSP, São José dos Campos, SP