sábado, 18 de abril de 2020

SALMO 23 - SIGNIIFICADO


Este Salmo, assim como vários outros, têm sua autoria atribuída ao Rei Davi – Filho de Jessé, o efrateu, do clã de Perez, nasceu em Belém (1040-970 a.C.). De infância humilde, filho de camponeses, tornou-se militar, guerreiro, conquistador de terras, sendo o segundo rei sobre todo o Reino Unificado de Israel.

Pai de Salomão, figura central na Lenda Maçônica, fruto do seu casamento com Bethsaba, morre aos setenta anos de idade após reinar por sete anos como rei de Judá e trinta e três em Jerusalém como rei de todo o Israel.

No ano de 1993, após uma acidental descoberta arqueológica em Israel, provas materiais foram encontradas, comprovando a origem de “pastor de ovelhas” de Davi, bem como, seus escritos
– confirmada sua autenticidade pelo renomado Professor em Israel Avraham Biran.
E foi justamente em função de seus conhecimentos na arte de pastorear ovelhas, que Davi pode ter tido inspiração para escrever este SALMO 23, com alegorias e símbolos, justamente como nós, Maçons, gostamos.

Comecemos, assim, pelo SALMO 23 propriamente dito.



O Senhor é o meu pastor, nada me faltará.
Deitar-me faz em verdes pastos, guia-me mansamente a águas tranquilas.
Refrigera a minha alma; guia-me pelas veredas da justiça, por amor do Seu nome.
Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria mal algum, porque Tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me consolam.
Preparas uma mesa perante a mim na presença dos meus inimigos, unges a minha cabeça com óleo, o meu cálice transborda.
Certamente que a bondade e a misericórdia divina me seguirão todos os dias da minha vida; e habitarei na casa do Senhor por longos dias.

Passemos a dissecar referido Salmo, indo “mais além” do que consta no vídeo a seguir “Guardei a Fé”, muito embora haja outros estudos que negam a autoria de Davi.

O SENHOR é o meu pastor – RELACIONAMENTO

A relação havida entre um pastor e suas ovelhas é envolta em lealdade, tanto da ovelha em relação ao pastor, que sequer se deixa alimentar por outrem, que não seu pastor, nem obedece, nem caminha ao lado de outra pessoa. Por esta razão, sempre vemos a figura do pastor junto com uma criança, pois, na falta do pastor, talvez as ovelhas reconheçam esta criança como novo pastor. Em caso negativo, não poderá ser vendida para tosa, mas, apenas, para o abate.
Por outro lado, cada ovelha não é apenas mais uma a seu pastor, mas, sim, a única, razão pela qual, como nos ensinam as SS. EE., ele é capaz de abandonar 99 ovelhas para resgatar uma, para, depois de recuperá-la, comemorar juntamente com as demais.
Assim, esta primeira parte fale do relacionamento havido entre nós e D’us, nossa devoção, respeito e entrega.
E é assim também que o próprio Jesus, o Cristo, se apresenta, como o Bom Pastor, como se observa em JOÃO – 10:11 – “Eu sou o bom Pastor; o bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas”.

Nada me faltará – SUPRIMENTO

Neste aspecto, não falamos sobre ter tudo o que desejamos, mas, que não faltará o básico, não teremos privações. Eu entendo isto não apenas em questões materiais, mas, mais importante, acolhimento.
Por isso que a melhor definição para “suprimento”, na minha opinião, é “Doação, fornecimento ou entrega do necessário para que algo se realize”.

Deitar-me faz em verdes pastos - DESCANSO

Tão importante quanto o trabalho, está o descanso; não à toa, na Genesis, D’us “descansou no sétimo dia” – Genesis - 2:2 – “No sétimo dia, Deus já havia terminado a obra que determinara; nesse dia descansou de todo o trabalho que havia realizado”.
Mas, na verdade, veja que D’us “não descansou”, porque o que realmente está escrito no original é SHABAT – parou de trabalhar. E por qual razão parou ?
Primeiro, porque já havia concluído sua obra e, portanto, poderia “repousar/descansar”, como de fato repousou. Em segundo, para esclarecer que, a cada período de 07 (sete) dias, um deve ser direcionado ao descanso.

Guia-me mansamente a águas tranquilas – CUIDADO

Ali nos explica que as ovelhas sentem muito medo, por não terem qualquer forma de defesa – não possuem garras, dentes afiados, chifres para batalha e nem veneno. Com isso, tudo lhes assusta, até mesmo “águas agitadas”, onde elas preferem não se inclinar para beber. Por esta razão que D’us, com todo o cuidado possível, procura “águas tranquilas” para levar seu rebanho.

Refrigera a minha alma – CURA

É parte da cura o desejo de ser curado. – Séneca.
Entendo neste aspecto que trata-se mais de uma CURA espiritual que física, propriamente dita, até porque, fala em alma e não em corpo.
Filosoficamente falando, alma é o conjunto das atividades imanentes à vida (pensamento, afetividade, sensibilidade etc.), entendidas como manifestações de uma substância autônoma ou parcialmente autônoma em relação à materialidade do corpo.
Segundo o espiritismo, a alma é o espírito encarnado consistindo-se no princípio inteligente do Universo, ser real, circunscrito, imaterial e individual que existe no ser humano e que sobrevive ao corpo, estando sujeita à Lei do progresso, ou seja, a se aperfeiçoar por meio da reencarnação em várias encarnações progressivas até atingir a perfeição, o estágio de Espírito Puro, quando não tem mais a necessidade de reencarnar.
Ainda segundo o espiritismo, a alma, ou espírito encarnado, é ligada ao corpo por um envoltório semimaterial chamado perispírito.
Assim, a palavra refrigera pode ser substituída por cura.

Guia-me pelas veredas da justiça – DIREÇÃO

Uma obra clássica escrita em 1865 pelo escritor inglês Charles Lutwidge Dodgson, mais conhecido pelo seu pseudônimo Lewis Carroll (27/01/1982-14/01/1898), chamada “Alice no País das Maravilhas” – (Alice in Wonderland) foi ao cinema pela primeira vez em 1951, produzida pelos Estúdios Disney.
Em uma, entre tantas passagens brilhantes da obra, Alice pergunta ao Gato de Cheshire, qual o caminho a ser seguido. Ele pergunta: você sabe para onde vai ? Ela responde negativamente e, então, ele diz: tanto faz ! É com esta passagem que quero ilustrar esta passagem.
O pedido do rebanho, que somos nós, é que D’us os guie na direção correta, ou seja, nas “veredas da justiça”, no caminho do bem. Além disso, o caminho da justiça é reto, não possui desvios, nem para a esquerda, nem para a direita.
Aqui aplicamos o princípio da Física que diz que a “reta é o menor caminho entre dois pontos”.

Por amor do seu nome – PROPÓSITO

Propósito - Grande vontade de realizar ou de alcançar alguma coisa; desígnio. O que se quer alcançar; aquilo que se busca atingir; objetivo. O que se quer fazer; aquilo que se tem intenção de realizar; resolução.
Logo no primeiro mandamento da Lei de D’us temos que: “Não terás outros deuses além de mim”.
Ou, em outra tradução, mais aceita para nós:
“Amar a Deus sobre todas as coisas”. Então, qual deve ser nosso Propósito ? Logicamente, o “amor ao Seu nome”.

Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte – PROVAÇÃO

Começamos definindo o real significado de PROVAÇÃO - Situação muito difícil ou excesso de sofrimento que testa a capacidade de superação de um indivíduo, sua fé religiosa, seus preceitos morais, suas convicções: cada um tem a provação que é capaz de superar.
Assim, não devemos temer atravessar o pior caminho, nossa pior “provação”, pois, colocando nossa fé em jogo, não seriamos atacados.
Neste momento, gosto de fechar os olhos e imaginar este tal “vale da sombra da morte”, assim como, mais para frente, imaginar a “mesa com meus inimigos”. É uma experiência interessante e nos prepara para situações adversas ao longo da vida.

Não temeria mal algum – FÉ

Ainda que a palavra que define esta passagem seja a fé, não pode estar dissociada da frase anterior, que trata justamente do tal do “vale da sombra da morte”.
E é justamente neste local, por pior que seja ele, que não teremos medo, em razão da fé que temos no Altíssimo e em sua proteção.
Não podemos ainda esquecer que a Fé é uma das Virtudes Teologais e, inclusive, a mais importante, segundo a Epístola de Paulo aos Coríntios, que encontra-se em sua íntegra ao final e que ora destaca-se o seguinte:
“Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três; mas o maior destes é o Amor”.

As virtudes teologais existem como complemento às virtudes cardinais e são três:
: através dela, os cristãos creem em Deus, nas suas verdades reveladas e nos ensinamentos da Igreja, visto que Deus é a própria Verdade. Pela fé, "o homem entrega-se a Deus livremente. Por isso, o crente procura conhecer e fazer a vontade de Deus, porque «a fé opera pela caridade» (Gal 5,6)".
Esperança: por meio dela, os crentes, por ajuda da graça do Espírito Santo, esperam a vida eterna e o Reino de Deus, colocando a sua confiança perseverante nas promessas de Cristo.
Caridade (ou amor): por meio dela, "amamos a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos por amor de Deus. Jesus faz dela o mandamento novo, a plenitude da lei". Para os Católicos, a caridade é «o vínculo da perfeição» (Col 3,14), logo a mais importante e o fundamento das virtudes. O Amor é também visto como uma "dádiva de si mesmo" e "o oposto de usar".

Porque tu estás comigo - FIDELIDADE

Voltamos à história que D’us, sendo nosso Pastor e nós, como seres únicos aos Seus olhos, será fiel a nós e jamais nos abandonará. E, estando nós ao Seu lado, não há mal neste mundo que poderá nos atacar e nos derrotar.
A palavra fidelidade tem como sinônimo lealdade, ou seja, honra e honestidade. Assim, é nesta passagem que declaramos nossa lealdade ao Todo Poderoso e que nada ou ninguém nos fará trair este sentimento.

A tua vara e o teu cajado me consolam – ESPERANÇA

Já analisamos o caráter da ESPERANÇA, outra das três verdades teologais.
Aqui, vale lembrar que, embora a seja, das três, a mais importante, é justamente a Esperança que não poderá acabar jamais.
A chama da esperança jamais se apaga !”.
Nesta passagem traremos algumas considerações à vara e ao cajado, ou seja, uma vara cuja extremidade superior possui o formato de um gancho.
O que poucas pessoas sabem é que o cajado tem função tripla, onde uma parte é o cajado como um todo, a segunda, uma vara e, finalmente, desta-cando-se o gancho da vara, temos uma arma.
Com isso, a vara é utilizada batendo delicadamente na ovelha que se desvia do rebanho, fazendo com que retome a direção correta (* já falamos disto anteriormente).
O cajado, como um todo, será utilizado para resgatar uma ovelha desgarrada que, por ventura, tenha caído em um buraco ou mesmo na água.
Finalmente, o gancho, usado como arma, é usado em defesa do rebanho, contra qualquer predador, seja ele um animal ou mesmo de um ladrão.
Com isso, percebe-se que o cajado possui função protetora (usado como arma), salvadora (usado para resgatar) e, ainda, disciplinadora (usado para manter o rebanho no caminho).
Com isso, percebemos que o cajado poderá nos dar a consolação (Alívio dado à aflição, à dor de alguém; lenitivo, conforto, consolo), justamente pelo seu caráter protetor, salvador e disciplinador.

Preparas uma mesa perante mim na presença dos meus inimigos, unges a minha cabeça com óleo - CONSAGRAÇÃO

Consagração – dedicar-se a Deus.
Pense em uma situação, onde, talvez você tenha feito algo muito errado e, por esta razão, feito inimigos.
Mas, ai, o próprio Senhor D’us prepara um banquete onde se encontram várias pessoas, dentre eles, os seus inimigos. Acontece que, como bom anfitrião e, ainda, conforme costume oriental em que o convidado é um protegido, ele “unge sua cabeça”, ou seja, ele não quer saber dos seus pecados, ele apenas quer dizer que você é Seu amigo e, agora, mais que isso, recebido no seio de Sua morada, nesta, ou em outra vida.
De fato, Davi cometeu vários deslizes, inclusive no fatídico episódio com Bethsaba, onde, após engravidá-la, conspirou para a morte de seu marido, o que o impediu de erguer um Templo dedicado a D’us – em razão do sangue que havia em suas mãos – ficando tal tarefa a cargo de seu filho e sucessor, o Rei Salomão.
Assim, o que desejava Davi era ser ungido pelo Senhor - ungir a cabeça com óleo ou ungüento era prova de consideração que o hospedeiro algumas vezes dava aos seus hóspedes (Sl 23.5 – Mt 26.7 – Lc 7.46 – Jo 11.2 – 12.3).
Acredito eu que, partindo da premissa que amigo de meu amigo é meu amigo, após sua consagração, seus inimigos passaram a ser seus amigos e ele obteve o perdão de todos.

O meu cálice transborda – ABUNDÂNCIA

Os dicionários nos ensinam tratar-se a abundância do seguinte:
Quantidade excessiva de; uma grande porção de; fartura: abundância de alimentos, de indivíduos.
[Por Extensão] Excesso do que é necessário para viver; bens em exagero; fortuna: estava vivendo na abundância.
Neste aspecto, entendo que o indivíduo já possuía o necessário para viver – Nada me faltará - mas, agora, além disso, ele deseja mais.
Ora, qual a imagem que lhe vem à mente quando se ouve esta expressão – meu cálice transborda ?
Talvez até mesmo um pouco de desperdício, porque, enquanto uns não têm nada, outros podem até mesmo “desperdiçar”, pois, não lhes fará falta.
Com isso, além do perdão obtido junto ao Senhor, ele recebe em abundância os elementos, não apenas físicos, mas, também, espirituais.
Certamente que a bondade e a misericórdia me seguirão todos os dias da minha vida – BENÇÃO
Tendo como definição “Sentimento de pesar ou de caridade despertado pela infelicidade de outrem; piedade, compaixão. Ação real demonstrada pelo sentimento de misericórdia; perdão concedido unicamente por bondade; graça”, tem uma lindíssima morfologia – pobre coração ou do latim “misericordiae”.
E é justamente isto que o indivíduo deseja, a benção, a graça e a misericórdia divinas.

E habitarei na casa do Senhor – PROMESSA

Justamente porque, após tudo que recebeu, especialmente “a graça divida”, o mínimo que ele poderia oferecer seria sua lealdade (mais uma vez, reiterando), afirmando que seguirá apenas ao Senhor D’us e a mais ninguém.
Promessa e comprometimento.

Por longos dias – ETERNIDADE

Em primeiro lugar, temos que entender o real significado de eternidade, qual seja, “Duração que não tem começo nem fim”.
Ou seja, a promessa feita anteriormente já começou a ser cumprida e assim o será por todo o sempre, sem desvios.

CONCLUSÃO

Este humilde trabalho tem por objetivo atrair maior atenção a este belíssimo Salmo, o mais conhecido e menos entendido, fazendo uma provocação aos leitores, para que possam tirar suas próprias conclusões.
Na verdade, entendo que não devemos interpretar de forma separada nenhum dos 06 versiculos que compõem o Salmo 23, mas, sempre, de forma contínua, até porque, pensar individualmente cada passagem seria negar seu sentido.
Assim, espero que seja útil e que nosso Amado Pai, a quem chamo de G.A.D.U., possa sempre nos iluminar e guardar.
Capítulo 13 da epístola que Paulo fala grandiosamente sobre o amor (em grego ágape) que, em algumas traduções, aparece com o vocábulo caridade:
“Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse Amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine. E ainda que tivesse o dom da profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse Amor, nada seria. E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, se não tivesse Amor, nada disso me aproveitaria.
A Caridade é sofredora é benigna; o Amor não é invejoso, não trata com leviandade, não se ensoberbece, não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal, não folga com a injustiça, mas folga com a verdade. Tudo Sofre, tudo crê, tudo espera e tudo suporta. O Amor nunca falha. Havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá; porque, em parte conhecemos, e em parte profetizamos; mas quando vier o que é perfeito, então o que é em parte será aniquilado. Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino. Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido.
Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três; mas o maior destes é o Amor.



Ir. Dennis Fiel, P. M.
A.R.L.S. Esperança, No. 181, São Paulo, G.L.E.S.P.




BIBLIOGRAFIA
Assista também os vídeos a seguir:


https://www.youtube.com/watch?v=OgEFamifD9k
https://www.youtube.com/watch?v=4a5eFyRjPj8
https://www.bibliaonline.com.br/
http://www.catolicoorante.com.br/10mandamentos.html
https://www.dicio.com.br/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Salmo_23
Revisão: Lucas Lustosa Mauro