quinta-feira, 26 de outubro de 2023

Ensinamentos Morais do Livro de Rute e do Rito Escocês

                            Rute e Boaz

Introdução:

No mundo da Maçonaria, ensinamentos morais e éticos estão profundamente enraizados nos rituais, graus e simbolismo. Uma das ricas fontes de princípios morais é o Livro de Rute, encontrado no Tanakh (Antigo Testamento), que oferece lições profundas de integridade, justiça, compaixão e vida virtuosa. Esses valores morais se conectam harmoniosamente com vários graus do Rito Escocês Antigo e Aceito (REAA). Neste post do blog, exploraremos as conexões morais entre o Livro de Rute e diversos graus do REAA.

1. Integridade e Honestidade: O Livro de Rute introduz personagens como Rute e Boaz, que personificam uma integridade e honestidade inabaláveis. No REAA, os maçons são incentivados a incorporar qualidades semelhantes, enfatizando a importância da sinceridade e da integridade em todas as suas ações e relações.

2. Justiça e Equidade: A justiça é um tema proeminente no Livro de Rute, e se alinha com os ensinamentos morais encontrados no 19º Grau do REAA. A história de Rute destaca a importância da justiça no tratamento dos outros, enquanto o 19º Grau promove virtudes cavalheirescas e ação honrada, refletindo princípios de justiça e equidade.

3. Compaixão e Bondade: A compaixão e a bondade demonstradas por Rute e Boaz no Livro de Rute refletem os ensinamentos morais de caridade e benevolência enfatizados na Maçonaria. Os maçons são incentivados a mostrar compaixão e bondade, refletindo os mesmos valores encontrados na narrativa de Rute.

4. Vida Virtuosa: O compromisso inabalável de Rute e sua fidelidade a sua sogra, Naomi, exemplificam uma vida virtuosa. Este princípio moral é central nos ensinamentos do Rito Escocês, destacando a importância de levar uma vida virtuosa e aderir a princípios éticos em todos os aspectos da vida.

5. Sabedoria e Iluminação: Embora o Livro de Rute não mencione explicitamente a sabedoria, a busca pelo conhecimento e iluminação é central nos 28º e 30º Graus do Rito Escocês. Buscar luz, sabedoria e uma compreensão mais profunda de princípios morais e filosóficos é um tema comum.

6. Inclusividade e Fraternidade: O Livro de Rute encarna a inclusividade ao receber uma estrangeira na comunidade israelita. Da mesma forma, a Maçonaria promove a inclusividade e fraternidade, tratando os membros de diferentes origens como iguais, promovendo união e boa vontade.

7. Generosidade e Caridade: A generosidade e caridade de Boaz ao prover para Rute e Naomi refletem os princípios maçônicos de caridade e generosidade. Os maçons são incentivados a compartilhar suas bênçãos com aqueles necessitados, demonstrando um compromisso de ajudar o próximo.

Conclusão: O Livro de Rute e a Maçonaria segundo o REAA são duas entidades distintas, mas convergem em princípios morais essenciais. Integridade, justiça, compaixão, vida virtuosa, sabedoria, inclusividade e generosidade estão no cerne de ambos, oferecendo aos maçons um quadro holístico para levar vidas honradas, justas e éticas. Esses valores morais compartilhados são um testemunho dos princípios duradouros e universais que inspiram e guiam os indivíduos em sua jornada maçônica e em suas vidas pessoais.

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Moral Teachings in the Book of Ruth and the Scottish Rite of Freemasonry

Ruth and Boaz

Introduction:

In the world of Freemasonry, moral and ethical teachings are deeply embedded in the rituals, degrees, and symbolism. One of the rich sources of moral principles is the Book of Ruth, found in the Tanakh (Old Testament), which offers profound lessons in integrity, justice, compassion, and virtuous living. These moral values harmoniously connect with several degrees within the Scottish Rite of Freemasonry. In this blog post, we will explore the moral connections between the Book of Ruth and various Scottish Rite degrees.

1. Integrity and Honesty: The Book of Ruth introduces characters like Ruth and Boaz who epitomize unwavering integrity and honesty. In the Scottish Rite, Masons are encouraged to embody similar qualities, emphasizing the importance of truthfulness and integrity in all their actions and dealings.

2. Justice and Fairness: Justice is a prominent theme in the Book of Ruth, and it aligns with the moral teachings found in the 19th Degree of the Scottish Rite. Ruth's story underscores the significance of justice in the treatment of others, while the 19th Degree promotes chivalric virtues and acting honorably, reflecting principles of justice and fairness.

3. Compassion and Kindness: The compassion and kindness exhibited by Ruth and Boaz in the Book of Ruth mirror the moral teachings of charity and benevolence emphasized in Freemasonry. Masons are encouraged to show compassion and kindness, reflecting the same values found in Ruth's narrative.

4. Virtuous Living: Ruth's unwavering commitment and faithfulness to her mother-in-law, Naomi, exemplify virtuous living. This moral principle is central to the teachings in the Scottish Rite, highlighting the importance of leading a virtuous life and adhering to ethical principles in all aspects of life.

5. Wisdom and Enlightenment: While the Book of Ruth does not explicitly mention wisdom, the pursuit of knowledge and enlightenment is central to the 28th and 30th Degrees of the Scottish Rite. Seeking light, wisdom, and a deeper understanding of moral and philosophical principles is a shared theme.

6. Inclusivity and Brotherhood: The Book of Ruth embodies inclusivity by welcoming a foreigner into the Israelite community. Similarly, Freemasonry promotes inclusivity and brotherhood, treating members from diverse backgrounds as equals, fostering unity and goodwill.

7. Generosity and Charity: Boaz's generosity and charity in providing for Ruth and Naomi mirror the Masonic principles of charity and generosity. Masons are encouraged to share their blessings with those in need, demonstrating a commitment to helping others.

Conclusion: The Book of Ruth and the Scottish Rite of Freemasonry are two distinct entities, yet they converge on essential moral and ethical principles. Integrity, justice, compassion, virtuous living, wisdom, inclusivity, and generosity are at the heart of both, offering Masons a holistic framework for leading honorable, just, and principled lives. These shared moral values are a testament to the enduring and universal principles that inspire and guide individuals on their Masonic journey and in their personal lives.


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quinta-feira, 12 de outubro de 2023

O Veneravel Mestre

Salmo133: Venerável Mestre - J. castellani

VENERÁVEL MESTRE

                                                                     J. Castellani

Origem do título

O título de Venerável Mestre, dado ao presidente de uma Loja maçônica, tem a sua origem mais remota nos meados do século XVII, quando já começara a lenta, mas progressiva, transformação da Francomaçonaria de ofício, ou operativa, em Francomaçonaria dos aceitos, ou especulativa (1). Nessa época, porém, nem existia o grau de Mestre Maçom, que só seria introduzido no século XVIII, a partir de 1724, e efetivado em 1738, e o presidente da Loja era escolhido entre os mais antigos e experientes Companheiros --- que era um mestre-de-obras --- ou era o proprietário mesmo, o qual, como dono da obra, era vitalício na direção dos trabalhos dos obreiros.

Derivado da palavra inglesa worship, que significa culto, adoração, reverência --- como forma de tratamento --- quando usada como substantivo, e venerar, adorar, idolatrar, quando usada como verbo transitivo, tem-se o vocábulo worshipful, que significa adorador, reverente, venerável, como forma de tratamento. Dessa maneira, o presidente da Loja passou a ter o título de Worshipful Master, que significa Venerável Mestre e que seria adotado por todos os círculos maçônicos, embora o termo Venerável, de início, fosse aplicado apenas às organiza?ões de artesãos.

Adotando-se a cerimônia de Instalação, como faz a Maçonaria inglesa, é só depois de passar por ela que o Venerável Mestre eleito pode se considerar empossado --- instalação é sinônimo de posse ---  e empossar os membros de sua administração, entrando na plenitude de seus direitos exclusivos, entre os quais se inclui o de sagrar (2) os candidatos à iniciação, à elevação, ou à exaltação. Tão rígido é tal dispositivo, que, em uma sessão à qual não esteja presente o Venerável Mestre, sendo, ela, portanto, dirigida pelo 1º Vigilante, que não seja um Mestre Instalado, ele deverá, no momento de sagrar o candidato, solicitar, a um Mestre Instalado presente, que o faça, sem o que a cerimônia não poderá ter validade.

Origens das atribuições litúrgicas

 A origem mais remota dessa prática está na Cavalaria medieval, cujos integrantes, os cavaleiros, só podiam ser sagrados por um rei, por um príncipe, ou por um alto dignitário eclesiástico. Estes, para a sagração, colocavam a lâmina da espada sobre os ombros do candidato, alternadamente (e terminavam, em alguns casos, com a acolada, que era uma pancada no pescoço do candidato).

Apesar de alguns autores não admitirem influência da Cavalaria, das Ordens Militares e dos Cruzados sobre a Maçonaria, existe, na realidade, uma similaridade muito grande entre as práticas maçônicas da instalação e as práticas dessas institui?ões, pois é claro que, embora não se possa, de maneira alguma, ligar as origens da Maçonaria aos Cruzados, ou à Cavalaria, influências desses agrupamentos podem existir em qualquer ramo do conhecimento humano. Na época do apogeu da Cavalaria, no decorrer do século XI, ela possuía hierarquia, graus e brasões. As Cruzadas acabariam contribuindo para o incremento do prestígio dos cavaleiros, dando, à sua atividade, um forte cunho religioso, que se exteriorizava na promessa de defender a Igreja, defender a cristandade e combater os infiéis, além do compromisso de fidelidade ao senhor feudal, de proteção aos fracos, oprimidos, mulheres e órfãos, de respeito à hierarquia e à disciplina e de combate à calúnia, à mentira e aos vícios.

A educação do cavaleiro começava na infância e, depois de cuidadosamente preparado,ele prestava o serviço militar, entre os 15 e os 21 anos de idade, primeiramente como pajem, atendendo ao senhor feudal em todos os serviços domésticos do castelo, e, posteriormente, como escudeiro, acompanhando ao seu senhor nas batalhas e lutando ao seu lado. Aos 21 anos, então, o escudeiro era armado cavaleiro, numa cerimônia à qual a Igreja imprimiu um profundo caráter religioso. Para esta cerimônia, inicialmente, o candidato ficava encerrado, durante toda a noite, na capela do castelo, orando e velando as armas; ao romper da aurora, ele fazia a confissão, comungava e participava da missa, onde o sermão principal destacava os deveres que ele assumiria, como cavaleiro. Passava-se, em seguida, à cerimônia, realizada no pátio principal do castelo, ocasião em que o cavaleiro era sagrado e armado, tendo, como padrinho, o senhor com o qual aprendera a arte militar.

A ação da Igreja nessa cerimônia, na época de apogeu da Cavalaria (séculos XI e XII), ainda é mostrada em outras práticas: o sacerdote benzia a espada do cavaleiro e comunicava que ela sempre deveria ser usada para servir à Igreja e defender os fracos, os oprimidos, as viúvas, os órfãos e, de maneira geral, todos os servidores de Deus, "contra a crueldade dos pagãos". O cavaleiro era purificado, através de um banho ritualístico, e recebia uma camisa de linho branco, como símbolo da pureza, e uma túnica vermelha, como símbolo do sangue, que deveria ser vertido a serviço de Deus.

Tais costumes mostram uma certa influência sobre muitos costumes maçônicos --- não se pode esquecer que a Francomaçonaria floresceu à sombra da Igreja --- como a permanência na Câmara de Reflexão, a sua purificação, a cor branca do avental e das luvas, a espada, a sagração, as preleções, o juramento, o voto de defesa dos fracos e oprimidos.

Notas

1. Essa progressiva transformação iniciou-se no século XVII, quando, com a decadência do estilo gótico --- e a concomitante ascensão do renascentista --- as organiza?ões de oficio começaram também a entrar em decadência. E, para tentar sobreviver, resolveram aceitar, em suas Lojas, homens não ligados à arte de construir e que, por isso, foram chamados de Maçons Aceitos. O processo de aceitação desenvolveu-se durante todo o século XVII, a ponto de, no final dele, o número de aceitos sobrepujar, largamente, o de operativos, o que propiciaria, em 1717, a criação da primeira Obediência maçônica da História, a Premier Grand Lodge, em Londres.

2. Sagrar, aí, tem o sentido de conferir a dignidade do grau e não o de santificar, ou tornar sagrado, como muitos pensam. É o mesmo com a sagração de templo: a cerimônia confere, ao local, a dignidade de templo maçônico.



ÉS O VENERÁVEL

Cumpre com amor e pujança
Que te tornou admirável
Com rigor, com temperança
Esta estação formidável

Faz do malhete constança
De equidade incontestável
No Trono que traz a herança
De sabedoria inegável

Dissemina Fé e Esperança
A Caridade inefável,
Em austera governança
Mestre e irmão respeitável
Em ti nossa confiança...
És agora...o Venerável !!

Adilson Zotovici
ARLS Chequer Nassif No. 169, GLESP

Do livro "Manual do Mestre Instalado" (leitura restrita a Mestres Instalados, com exceção das partes gerais).



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