sábado, 19 de abril de 2008

Vivendo em uma cultura de isolamento

Kleber, Roberto e Geraldo compartilhando de momentos de confraternização e amizade - 23/03/2008
Os homens são notórios por terem conhecidos, parceiros de equipe, sócios em negócios, clientes, parceiros de golfe, colegas de futebol e companheiros de pescaria - todos relacionamentos que vão tão fundo quanto a fina camada de gelo que permanece acima da camada de água em um açude congelado durante o rigoroso inverno do hemisfério do norte.
Em nosso país, assim como em muitos outros, os homens são criados de modo a cultivarem uma cultura que os tornam e os mantém solitários e sem amizades aprofundadas, até mesmo se isto significar um isolamento quase que total das outras pessoas.

Em boa parcela, esta cultura deve-se a uma série de fatores que dificultam os homens a fazerem e manterem relacionamentos com outros homens. incluindo o fato que os mais jovens são encorajados a suprimir as suas emoções, a serem competitivos, a manter suas necessidades pessoais e aspirações bem dentro de si mesmos e a procurar desempenhar modelos de papeis que são independentes e impessoais.

De fato, muitos homens consideram ser normal o isolamento social ao ponto de, quando submetidos a uma pesquisa se possuem amigos próximos, muitos deles ficam perplexos com a questão e a resposta é: Não, por que? Eu deveria?

No livro Homens: Um livro para Mulheres, James Wagenvoord escreveu um credo para "homens de verdade", claro que da boca para fora, baseado no modo e nos insights de como eles (nós) são (somos) trazidos para este tipo de cultura.

A medida que você estiver lendo o tal credo, transcrito logo abaixo, pense acerca de como cada uma destas atitudes trabalha contra a formação de relacionamentos intimos:

- Êle (eu) não chorará
- Êle (eu) não demonstrará fraqueza
- Êle (eu) não necessitará de afeição ou de gentilezas ou de calorosidade
- Êle (eu) confortará, mas não deseja ser confortado
- Êle (eu) será solicitado, mas não solicitará
- Êle (eu) será tocará, mas não será tocado
- Êle (eu) será aço, não carne
- Êle (eu) será inviolável na sua masculinidade
e Êle (eu) permanecerá sózinho.
Como se pode perceber, tal forma de pensar é uma formula para um verdadeiro desastre relacional. Alimentado por este tipo de condicionamento social e o incremento da falta de raizes da nossa sociedade, pode-se dizer que a solidão está se tornando uma doença nacional.

Não surpreendentemente, existe um custo (ás vezes extremamente alto) para tudo isto. O Dr. James Lynch, em O Coração Partido, cita estatisticas mostrando que adultos sem relacionamentos profundos tem uma taxa de morte duas vezes mais alta que aqueles que apreciam interações regulares de cuidado com outros.

Ironicamente, vivemos em uma cultura na qual muitas pessoas escrupulosamente monitoram a sua ingestão de colesterol e consumo de calorias, mas ao mesmo tempo sem qualquer consideração ignoram a sua vida relacional, que, segundo cientistas, tem mais impacto na sua saúde física que obesidade, fumo, pressão sanguínea alta e falta de exercício.

Neste contexto, uma pergunta importante surge em nossa mente:

Sendo a Maçonaria uma entidade que possui e promove uma intensa interação entre os seus membros, ou seja, de caráter eminentemente relacional será que os Maçons, então, sabem ou aprendem a lidar melhor com estas questões e estão livres deste mal: a solidão?

Os relacionamentos desenvolvidos em nossas Loja são realmente fonte e instrumento para a "cura" das nossas falhas culturais no campo do relacionamento com outras pessoas, proporcionando a formação de amizades dinâmicas, consistentes, afetuosas e, principalmente, fraternas e duradouras?
Lamentavelmente, creio que o desenvolvimento e florescimento de relacionamentos deste tipo no seio das Lojas está muito aquém do desejado pelas verdadeiras e genuinas lideranças maçônicas.

Por este motivo, pode-se observar um crescimento muito lento das Lojas, principalmente pelo fato de os relacionamentos acabam prejudicados pela surgimento de disputas menores - na maioria das vezes por cargos e por vaidades pessoais.

Muitos dizem que é preferivel ganhar-se em qualidade do que em quantidade. Esta frase acaba sendo uma grande e boa desculpa para "eliminar-se" aqueles que de uma forma ou outra podem vir a "produzir sombras" e atrapalhar os planos individualistas daqueles que não absorveram um dos pontos mais centrais da doutrina maçônica, resumidos pela trilogia Amor Fraternal, Alívio e Verdade!

Poucas lideranças maçônicas se dão ao trabalho de raciocinar, de modo a desenvolver estratégias que permitam combinar, de modo harmonioso, a qualidade do homem que é escolhido para ingressar na Maçonaria sem contudo, de modo pré-concebido e tendencioso, ter como premissa que limitar a quantidade é um dos fatores de sucesso para a estabilidade da sua Loja.

Como as Lojas poderão alcançar a necessária maturidade para saber avaliar os riscos e as recompensas de uma comunidade mais numerosa?

Este e outros temas serão abordados no Blog do Salmo133 em outras publicações que estou preparando. Convido a você, que nos prestigia com a leitura deste material de estudos, para nos incentivar com os seus comentários e, quem sabe, com outras materias ampliando este e outros temas de interesse maçônico.

Como nos ensina o Livro das Sagradas Escrituras, manter a convivência e o relacionamento sadio entre amigos que se reconhecem como irmãos é uma prática abençoada pelo G.A.D.U ...

"Oh Quão bom e quão suave é habitarem em união os irmãos!"
Salmo 133:1

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